EM SÃO MIGUEL O ANJO

sábado, 28 de janeiro de 2012

AINDA SOBRAVA PÃO!

 



“Daquilo que sobra à nobreza,
- Diz o povo e com razão!
Matava a fome à pobreza
E ainda sobrava pão!”

E tem sido esta a razão,
Também a nossa certeza;
Dos males desta Nação,
Entre fortes e fraqueza.

E os Leais, Associação,
Nunca esqueceu a frieza:
De tanta governação,
Para a miséria e riqueza.

Mas há dádivas e proezas,
Mais humanas e ousadas,
Doutros valores e nobrezas,
Que nos mantém de mão dadas.

E esta quadra é a razão,
Neste cabaz dos Leais,
A lembrar quem não tem pão,
E tão diferentes Natais:

“Daquilo que sobra à nobreza,
- Diz o povo e com razão!
Matava a fome à pobreza
E ainda sobrava pão!”

José Faria

AS PENAS DO TEMPORAL

 

Chorava o céu ali tão loucamente,
Por cima de plátanos sem cessar.
As lágrimas no chão eram torrente:
No jardim àquela hora a se inundar.

Do teto da cidade, bruscamente,
Teimosas vêm as bátegas a roncar
Com o vento que teimosamente
As trás no ar em força a baloiçar.

Morrendo ou dormitando, indiferente,
Sofrendo a invernia e a penar.
Num banco do jardim jaze presente,
Um corpo de mulher a delirar.

Solidária mão de passo urgente,
Não mais correu, quedou para prestar,
Ajuda àquela pomba tão sofrente;
Que o socorro médico fez chegar,

E dali a levou tão de repente.
De colete, já não está a estrebuchar,
Terá cuidados em lugar mais quente,
Longe do jardim a se inundar.
 José Faria

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SER OU NÃO SER...




Lembrar-te a ti, amigo?
Já o fiz outrora,
Te lembro hoje
Como o faço agora,
Se a cara viras,
Não me queres contigo,
Nem escutas
O que de bem te digo:
Ou não existes
Ou estás por fora.

Só não desiste,
Quem ainda está vivo,
E que se evita
De andar à nora:
Quem faz da vida
E carência o livro,
Da dura lida
A melhor escola.

Se todos seguem
Para onde eu sigo,
Que fica além
D’onde a gente mora:
Sejamos antes
Do caminho findo,
Algo futuro,
Saudade de agora.

É a família
Núcleo mais pequeno,
E mais antigo;
Desde a pré-história!
Razão de um país
E do mundo inteiro,
Onde cada um
Deve ser obreiro,
E cada um
Comum memória.
José Faria

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DESOBEDIÊNCIA

 
Nem sempre entendidas são
As palavras que ditamos,
Quando a compreensão
É nula e sem razão
Só destrói o que criamos.

O orgulho e a emoção,
A vaidade que aceitamos,
Impede comunicação,
O convívio, evolução
E a amizade que ansiamos.

Eventos surgindo vão,
Sem consulta onde esperamos,
Dar a nossa opinião
Conforme a legislação,
E as normas que ditamos.

Força tem a educação
Se nela nos debruçarmos:
Dá-nos força e união,
Amizade e mão na mão,
O fruto que desejamos.
José Faria

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LEI OU TRADIÇÃO!?

 
 
Ando nos braços do vento,
Dos hábitos,
Mofo da história;
E este caminhar tão lento,
Cega o olhar e a memória.

Não vejo chegar o momento.
Da liberdade em glória;
Parto sem conhecimento,
De ver a Paz em Vitória.

És tu também tradição,
Que me impedes de voar;
Condicionas a razão,
Do homem, ser ou nação,
Que o progresso quer tomar.

Porque tens que ser traição,
De quem quer continuar!?
És sempre repetição,
Não nos deixas libertar.

Quão difícil a emancipação,
Contigo a perpetuar;
És filha da tradição,
Que controla o meu voar.

Ainda é pecado ou traição,
Para quem não respeitar;
Só porque a verdade e razão,
Querem ser livres e voar.

José Faria

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

CORAÇÃO ENTRE PALAVRAS















Coração entre palavras
Palavras de paz,
De amor,
De compreensão!...

Palavras mudas,
Falantes,
Sussurrantes…

Palavras calmas,
De agitação!
Que atiçam ventos,
Tempestades,
Em qualquer ocasião.

Coração entre palavras,
Determinam a pulsação;
E o sentir da humanidade,
No Lar, Terra e Nação!

Palavras que o vento não vê!
E que transportam a razão;
De quem as profere e lê,
Por ordem do coração.

Coração entre palavras
Não lhes dês muita atenção!

José Faria

O VENTO QUE PASSA



















Oh!
Deixem-me ser o vento!
A brisa suave,
Morna e sublime.

Deixem-me ser a brisa
que em tudo possa estar;
Suavizar, amigar, acalentar…
Acalmar e amar,
Continuando a ser vento;
A ser a brisa que passa!

Deixem-me estar presente,
Onde o meu querer, ir, e sentir,
Me tente.

E continuar a ser…
O vento que passa.

Beber do amor,
Do anseio,
Da vida feliz e da desgraça,
E continuar a ser brisa…
O vento que passa.

José Faria

VOA PENSAMENTO



Andava o pensamento escondido,
Num desabrochar constante, em crescimento.
E só em quadras de Natal é que era lido,
Num concurso anual e num só tempo.

Dar-se a ler, foi desejo sempre querido,
De caminhar de braço dado com o vento;
É já sonho real conseguido,
E cultural de grande ensinamento.

Um mais saber do conto versejado,
De escritores a surgir à luz do dia;
Com a arte de escrever e seu talento.

Que essa entrega neste encontro almejado,
Se divulgue a história e a poesia,
E que em mim voe o pensamento.

José Faria

ROMARIAS DE PORTUGAL


 
Estoura no céu fogo de alegria,
Um novo despertar da tradição;
É mais um convite p´rá romaria,
A todas as almas da população.

Ouvem-se Missas na ampliação,
São rezas no ar da freguesia.
Nas cerimónias em comunhão,
Há confessos, recados com homilia.

E lá vem a música da banda a tocar,
Pelas ruas centrais dando alegria;
De passo acertado vem a marchar,
Animam a festa com primazia.

E há mais foguetes a estourar,
Por tradição, hábito e moda;
A festa e a guerra fazem lembrar,
Agradam a uns, outros incomoda.

Pedem perdão os pecadores,
Que voltarão de novo a pecar;
Rezam os pobres com ricos senhores,
Esquecem a fome e o esbanjar.

Entre fiéis anda o peditório.
A todos apelam contribuição;
Terlinta na cesta o ofertório,
Por entre a reza e a oração.

E chega o repasto, a reunião
Com as famílias a festejar;
Já se preparam para a procissão,
Onde tantos cristãos vão participar.

Tantos andores tão bem enfeitados,
Aguardam os ombros que os levarão
Ao povo nas ruas. São aguardados
Por curiosidade e devoção.

Por entre enfeites de decoração,
De comes e bebes da festividade;
Misturam-se os sons da diversão,
Com os da Missa da Natividade.

É a fé e o profano em comunhão,
Por apelo do sino tão badalado;
Ribombam os bombos em digressão,
E as bandas de música tocam no adro.

Lá vem a fanfarra alegre, fogosa,
Seguem-na estandartes no ar oscilando;
Manifestação tão religiosa,
Aos olhos do povo se vai mostrando.

Momento de fé da população,
De todos os pobres e ricos senhores;
A majestosa, e grande procissão,
É gosto de ateus, crentes, pecadores.

Junto ao quartel já está parado,
S. Joaquim da Corporação;
Pelos Bombeiros é venerado,
Que o levam a ombros na procissão.

Retoma-se a marcha, logo se detém,
Toda esta entrega da comunidade;
E já no quartel entra também,
A Padroeira Natividade.

Choram sirenes num silvo gritante,
Com emoção tão derradeira;
E o ar estremece arrepiante,
De apelo à Senhora Mãe Padroeira.

E segue adiante a devoção,
Suor nos rostos, dor na caminhada;
Parece sem fim a manifestação,
De tantos andores e tão devotada.

Vem a Padroeira, nossa Senhora,
Seguida do Palio e ostentação;
À sua passagem o povo que ora,
Vai se curvando de veneração.

Continuam foguetes a rebentar,
Bem lá no alto largando fumaça;
Termina com bandas sempre a tocar,
A majestosa cheia de graça.

Há gente descalça, mais povo a seguir,
Crianças ao colo e velas na mão;
Muitas promessas estarão a cumprir,
Por fé à Senhora e devoção.

Volta-se o porco ainda no churrasco,
Servido em sandes com vinho e cerveja;
Já se vê o osso ao chegar ao casco.
Termina o sermão dado na igreja.

E os dois conjuntos de animação,
Juntam o povo no pé de dança;
Os “Iniciadores” e o “Diapasão”,
Activam o baile e a confiança.

Ao chegar a noite tão divertida,
Estalam no céu os clarões;
E o povo dança na grande avenida,
Dançam romeiros e foliões.

Só à meia-noite sossega o chão,
De tanto pisado por toda a gente;
Com olhos no céu na iluminação,
Vê chuva de luz incandescente.

O fogo no fim estrondosamente,
Termina com bombas no teto do povo;
Espectáculo medonho no peito da gente,
Retoma-se o baile e folia de novo.

A festa vai longa é já madrugada,
Com sono a alegria já esmoreceu;
E a romaria tão derreada,
Abandona a noite que adormeceu.

José Faria